
Era uma vez um gigante que não gostava de ser gigante. - Chamo muito a atenção - queixava-se ele. - Para onde quer que vá, todos, de longe, apontam o dedo para mim ?Lá vai o gigante!" E assustam-se. E abusam do meu nome e pessoa, metendo medo aos meninos: ?Se não comes a sopa, chamo o gigante". E espalham disparates a meu respeito, dizendo que eu como gente, sou mau e outras calúnias que tais. Não aturo isto. Pôs-se a andar de joelhos, a ver se não davam tanto por ele. Qual quê! Um gigante de joelhos, quer se queira quer não, é sempre um gigante, ainda que de joelhos. Deixou de aparecer. Fechou-se no seu palácio de gigante e nunca mais pôs um pé fora de casa. Mas um gigante escondido, que de um momento para o outro pode aparecer, aterroriza ainda mais a vizinhança do que se andasse sempre na rua. - Vou mudar de terra - decidiu o desgostado gigante. Andou por vários reinos, sempre precedido pela sua fama. - Vem aí o gigante - gritavam. E todos fugiam. Até que foi ter a uma terra de gigantes. De gigantões. Todos muito maiores do que ele. - Aqui é que me convém ficar a viver - disse o gigante. - Ninguém vai reparar em mim. Por acaso reparavam. Chamavam-no, nessa terra, de gigantões matulões, chamavam ao gigante desta história de ?pitorro", ?badameco", ?homenzinho", ?pigmeu"... Mas ele, que tinha muito bom feitio, não se importava.
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